Neste mês que celebra o Dia Internacional da Mulher, quero desejar sucesso a todas as síndicas e que tanta dedicação aos condomínios possa ser reconhecida. No passado, ocupei esse posto. Em 1997, fui escolhida para assumir a gestão do condomínio em que morava, com dois blocos e 120 apartamentos. Havia uma administração amadora, várias exigências legais não eram cumpridas, entre elas, limpeza da caixa d’água, análise da água, AVCB, brigada de incêndio, inspeção na rede de gás e correto cálculo dos salários dos funcionários. Encontrei vários desafios complicados, inclusive os relacionados ao preconceito por ser mulher e jovem. Um grupo não acreditava na minha capacidade. Para interromper essa situação, comecei com uma postura firme e demonstrando conhecimento.
Outra iniciativa fundamental foi criar junto aos empregados o sentimento de equipe. Realizei várias reuniões para ouvi- los e os resultados foram fantásticos. Adotamos locação de equipamentos modernos e compra de materiais de limpeza que pudessem dar realmente resultado e diminuir os esforços físicos dos colaboradores. Além disso, eles contavam com um lanche (pão, manteiga, leite e café) duas vezes ao dia. Para os funcionários que não eram alfabetizados contratamos uma professora para dar aula antes do horário de trabalho e fechei uma parceria com uma clínica para que eles realizassem os principais exames laboratoriais e oftalmológicos.
Como o valor do condomínio estava mal dimensionado pela gestão anterior, foi possível realizar várias obras sem a necessidade de rateio extra. A minha gestão foi bem avaliada, tendo equipe motivada e bons resultados no âmbito financeiro. Na sindicatura, as diferenças entre homens e mulheres ainda existem, apesar de elas investirem em qualificação. Quando comecei a dar aulas de administração de condomínios, em 1998, apenas 20% representavam as alunas. Hoje as mulheres já compõem, em média, 54% do corpo discente. Mas, mesmo assim, lidam com preconceito na gestão. Para serem respeitadas, precisam apresentar resultados melhores do que os homens – nas mais jovens, essa exigência aumenta. Quando “contra-atacam”, são classificadas como autoritárias, agressivas e menos agradáveis do que os síndicos. Por outro lado, quando demonstram sensibilidade emocional e empatia, podem ser percebidas como menos competentes.
Para mudar esse quadro, é essencial que a mulher busque cada vez mais capacitação e conhecimento das diversas áreas que envolvem a administração condominial. Não é preciso dominar tudo com profundidade, mas que saibam onde buscar a informação e os profissionais necessários para que tenham mais segurança e tranquilidade nas decisões a serem tomadas. Contar com a parceria de uma administradora que cumpra todas as exigências legais, bem como ter um zelador ou gerente predial qualificado, são quesitos que fazem a diferença.
É preciso se preparar emocionalmente para receber comentários inadequados ou discriminatórios que porventura aconteçam. A capacitação contribui para manter o equilíbrio e propiciar confiança. Não tenha receio de buscar algum profissional externo que possa auxiliar na compreensão das próprias emoções, exaltando os pontos fortes e reduzindo as fraquezas, para que haja maior autocontrole. Desenvolver a empatia será fundamental para obter um ambiente harmonioso.
O ideal é conquistar o respeito e admiração da coletividade apenas pela qualidade do trabalho desenvolvido, sem precisar se impor pela hierarquia. Pode-se dizer, pelos vários depoimentos ao longo dos anos, que a gestão feminina nos condomínios traz, via de regra, a humanização, o detalhamento e mais transparência, questões fundamentais para o sucesso da administração.
Matéria publicada na edição 298 mar/24 da Revista Direcional Condomínios
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Curso de Administração de Condomínios e Síndico Profissional com transmissão ao vivo pela FECAP e 100% online pelo site OCONDOMÍNIO. Autora do livro “Revolucionando o Condomínio” (16ª edição – Editora Benvirá), Mais informações: rosely@ocondominio.com.br.