Ao projetar uma brinquedoteca para um condomínio na zona oeste, a designer de interiores Mari Ester Golin recorreu ao método montessoriano e explica o porquê: “Os moradores eram pais exigentes, queriam um ambiente conceitual. A linha pedagógica montessoriana tem como principal objetivo promover a autossuficiência da criança, por isso recorri a ela”.
Projeto de Mari Ester Golin: método montessoriano norteia a concepção da brinquedoteca, apropriada também para crianças atípicas, como autistas.
Criado pela médica e pedagoga italiana Maria Montessori no século passado, o método educacional ganhou o mundo, sendo adotado em escolas até hoje. Nos espaços de brincar das edificações, a inspiração no conceito não chega a ser uma tendência, mas atende alguns perfis de moradores. “O que eu percebo, porém, é uma mudança de comportamento, pois antes os síndicos me comunicavam o desejo dos condôminos por uma brinquedoteca com videogame. Agora, querem que os filhos explorem um lugar livre de eletrônicos”, diz Mari.
O método montessoriano prima pela organização. “A criança brinca, mas depois guarda os brinquedos, tanto que projetei uma estante com gavetões. E coloquei perto da entrada uma colmeia para que ela guarde seu calçado ao chegar, e logo note que existe um ‘ritualzinho’ para usar o ambiente”, comenta a designer.
Na área construída de 28 m², Mari se deparou com um grande pilar. A solução foi pintá-lo de verde no projeto, sugerindo a tinta do tipo lousa para permitir aos pequenos explorarem a criatividade na própria parede. Em torno de uma das faces da pilastra, a profissional idealizou mesa com cadeiras na mesma altura das versões escolares, apropriadas para as crianças desenharem ou fazerem o dever de casa.
Em uma das laterais da brinquedoteca, há um cabideiro, cuja proposta é acomodar várias fantasias. Embora não esteja representado no projeto, Mari indica acrescentar um pequenino palco redondo. “A ideia é estimular a criança a vestir uma roupa diferente e subir no palco para fazer alguma apresentação”, fala a designer. Outra atração é a cama estilizada, na verdade, um colchonete dentro de uma estrutura que remete a uma casinha. “Quando a criança entra nesse espaço, ela identifica que ali não é para pular, mas que se trata do cantinho da leitura, que há suportes com livros no fundo vazado da casinha, e a cascata de bolinhas produz uma luz adequada para esse fim”, detalha Mari.
Já a cabaninha, segundo a especialista, é uma das cerejas do bolo porque os pequenos adoram se esconder. Para arrematar, poltronas confortáveis, em cinza neutro, são indicadas para acomodar a mamãe ou a babá enquanto o guri se diverte. “Mesmo pequeno, esse espaço educacional permite a criança fazer várias coisas”, fala Mari.
Ponto positivo do projeto, observa a autora, é poder ser desfrutado “por crianças atípicas, como autistas”, diz. Para quem for reformar a brinquedoteca, Mari sugere investir em painéis sensoriais porque crianças atípicas gostam muito de tocar em diferentes materiais. Elas também necessitam às vezes se recolher momentaneamente para organizar os pensamentos, como observa a designer, por isso ela sugere algo que não figura neste projeto, mas é muito apropriado: um balanço de elastano, pendente do teto. Lembra até uma rede lúdica, mas se transforma em um casulo acolhedor
Matéria publicada na edição 293 set/2023 da Revista Direcional Condomínios
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