Aabic prepara imobiliárias para atravessar retração no mercado de venda e locação

A Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (Aabic) encaminhou um comunicado às imobiliárias do Estado com alerta sobre precauções que podem ser tomadas pelas empresas para ajudar a minimizar o impacto da pandemia do novo Coronavírus nos negócios.

No comunicado (com informações atualizadas até 25/3/2020), a Aabic destaca dentre os principais impactos já percebidos no mercado a paralisação de processos de compra e locação de imóveis, além de busca de renegociação de valores de contratos.

Apesar das circunstâncias ainda incertas, José Roberto Graiche Júnior, presidente da entidade, recomenda cautela e prudência às imobiliárias na tomada de decisões, porque ainda não se sabe a duração exata do período de isolamento social, determinado pelo Governo e autoridades de saúde. Em meio às análises sobre o comportamento de mercado e orientações, Graiche Júnior ressalta que potenciais negócios podem surgir na crise, assim como “a disposição ao diálogo e o relacionamento entre as imobiliárias e os clientes serão fundamentais para garantir a racionalidade econômica e a retomada do mercado”.

Confira a íntegra do comunicado, assinado pelo presidente da Aabic, José Roberto Graiche Júnior:

Comunicado mercado de locação

Diante das preocupações manifestadas por proprietários de imóveis residenciais e comerciais em relação à atividade de venda e locação, a Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (AABIC) vem recomendar às empresas imobiliárias algumas ações práticas para as negociações, dadas as perspectivas de retração no mercado por força da pandemia do novo Coronavírus (Covid-19).

Neste início de adequação das empresas e da população aos novos protocolos e recomendações das autoridades, visando garantir a saúde pública e o combate à escalada das infecções, já observamos importantes reflexos, como a suspensão de negociações para compra e venda de imóveis e, consequentemente, apreensão por parte de proprietários sobre as incertezas no mercado a partir de agora, com a obrigação do isolamento social determinado pelo Governo de São Paulo e autoridades de saúde.

A Aabic avalia que o cenário é incerto, portanto, exige cautela e prudência na tomada de decisões, principalmente, porque outras mudanças ainda podem ser determinadas pelo poder público a qualquer momento.

A Associação acredita, porém, que a experiência de mercado e a atuação das empresas administradoras de bens imóveis (locação) em crises anteriores, igualmente desafiadoras, e que possuem canais diretos entre o proprietário e o inquilino, ajudarão em suas decisões. A Aabic confia que a disposição ao diálogo e o relacionamento entre as imobiliárias e os clientes serão fundamentais para garantir a racionalidade econômica e a retomada do mercado.

Abaixo, as considerações e recomendações da Aabic com base nas medidas mais recentes das autoridades até esta data, 25 de março de 2020:

Comportamento do mercado

– Relatos de empresários e executivos das imobiliárias identificaram paralisação em processos de novas negociações de aluguel e compra de imóvel, além de desistência de fechamento de contratos;

– Já é bastante significativa a retração de potenciais inquilinos e compradores na procura de ofertas de imóveis, principalmente residenciais, por meio de informes publicitários;

– Nesse momento de muitas incertezas, a palavra de ordem é equilíbrio, sensibilidade e empatia nas negociações, pois ainda não se sabe a duração exata do período de isolamento;

– Assim, é imprescindível que as empresas estejam abertas ao diálogo, para esclarecer dúvidas e orientar os clientes, proprietários e inquilinos, da melhor forma possível;

– Cenários de crise também podem apresentar oportunidades. Os ativos passam a ter preços mais atrativos, com circunstâncias que permitem a oferta e aquisição de imóveis em condições mais favoráveis;

– A ocasião é propícia, portanto, para o mercado avaliar potenciais negócios, o que pode ajudar a renovar o fôlego para a retomada mais rápida do setor.

Empresas de locação e vendas de imóveis

– Acreditamos que é tão necessário quanto possível manter as negociações, inclusive como forma de garantir a sustentabilidade dos negócios e a destinação dos imóveis;

– Para isso, destacamos que existem tecnologias, já amplamente disseminadas nas imobiliárias, que possibilitam a comunicação em tempo real e dispensam o contato pessoal;

– Recomendamos utilizar principalmente as ferramentas eletrônicas para o trânsito de documentações e plataformas para transações comerciais, com recursos como: face time, vídeos, tour virtuais para visita de imóveis, e-mails para entrega de documentação, além de soluções que permitem assinaturas eletrônicas de contratos a distância;

– Em razão da baixa demanda de novos interessados em locação e compra de imóveis, renegocie descontos em anúncios publicitários e em valores de outros contratos assinados com fornecedores e parceiros.

Contrato de locação em vigência

– É importante levar em consideração que os proprietários também são impactados pelos reflexos do cenário atual e precisam ter projeção de seus ganhos. Além disso, os imóveis de aluguel são, muitas vezes, a principal ou exclusiva fonte de renda dos proprietários, sobretudo como complemento de aposentadoria e salários;

– O atual período tem levado o comércio à recessão, com o fechamento temporário de lojas ou a migração de atendimento presencial para o delivery e mudanças na estratégia de vendas. Note, em alguns ramos, o delivery pode até superar o consumo da loja física.

Em face desse cenário, seguem algumas recomendações:

* Avalie o tipo de negócio. As situações devem ser analisadas caso a caso para que as particularidades dos imóveis, como localização, sejam consideradas diante das oportunidades do setor;

* Evite fazer negociações por longos períodos. A melhor estratégia pode ser a negociação mês a mês, considerando a realidade do negócio em relação à possibilidade de extensão do período de isolamento;

* Cautela nos descontos. Seja cauteloso ante os pedidos de inquilinos por redução de aluguel ou descontos para o mês de março com vencimento no início de abril, pois o período já foi “utilizado” – em relação às solicitações de descontos nos meses subsequentes, é recomendável entender a situação do inquilino e do proprietário para identificar quem tem condições de fazer mais concessões;

* Não negocie encargos. É desaconselhável negociar os encargos da locação, tais como: contribuições condominiais, impostos, consumos públicos etc.;

* Analise caso a caso. Para os inquilinos pessoa física que são ocupantes de imóveis residenciais, solicite comprovação de queda na renda para justificar a revisão dos valores do contrato de aluguel.

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