Quando o assunto é proteção condominial, o síndico deve recorrer ao triângulo da segurança para verificar se todas as pontas estão alinhadas, pois é preciso que assim estejam para dificultar a ação dos bandidos em edifícios residenciais, como explica o consultor em segurança condominial José Elias de Godoy, policial militar veterano e síndico orgânico – inclusive, ele conta sua história na sindicatura nas páginas 10 e 11 desta edição. Uma ponta do triângulo concentra a parte física e tecnológica da segurança do edifício. Na primeira, figuram, entre outros, elementos como portões, grades, muro e alambrado. Na segunda, reúne arsenais tecnológicos, como câmeras e aparelhos de reconhecimento facial, por exemplo. Aqui, o consultor faz uma recomendação: “Quanto mais o condomínio investir em tecnologia, melhor, porque dependerá menos do homem”.
“Para haver segurança condominial, precaução é fundamental. Orientar a equipe de funcionários a se manter atenta a comportamentos suspeitos é essencial para reforçar a segurança. E investir em tecnologias colaborativas pode tornar a vizinhança mais segura.”
(Chen Gilad, CEO e especialista em segurança, Grupo Haganá)
Em outra ponta do triângulo está uma peça-chave: a mão de obra qualificada, seja própria ou terceirizada. “O porteiro tem que saber como agir na liberação de acesso, senão pode tornar o local vulnerável. Sabemos que 90% das invasões em prédios ocorrem pela porta da frente, e por falha humana. O que está diferente nos últimos meses é o modo de operação. Antes, os bandidos acessavam o condomínio durante o dia; agora, é a noite, em geral, a partir das 20 horas, ou até de madrugada. Eles usam vários disfarces, mas um que está em voga é o indivíduo se apresentar bem vestido, portando relógios ou celulares bons, e dizendo-se parente e hóspede do morador de determinada unidade”, alerta José Elias. Ele enfatiza a necessidade de se investir bastante no funcionário de portaria, a partir da contratação, tendo em mente que é preciso remunerar melhor em prol de qualificação. “Mas é necessário saber quem é essa pessoa, com quem ela vive, obtendo informações precisas. Também é indispensável que se promova treinamento periódico, e haja supervisão para que ninguém durma em serviço ou fique no celular”, orienta o consultor.
Já na última ponta do triângulo da segurança estão os habitantes da edificação, sem dúvida, um ponto bastante crítico. “Todo mundo quer ter comodidade e conforto, que não correm junto com a segurança. Se chove, o condômino não quer descer da sua torre para pegar a pizza, e reclama, pois quer que deixemos o entregador entrar. Depois, quando alguma coisa acontece, vão querer achar o culpado, e sempre há dois na história: o síndico e o porteiro”, constata José Elias. Isso só reforça a importância de o síndico esquadrinhar as três pontas do triângulo e reforçar regras internas, corrigir falhas de procedimentos e sistemas ou buscar novas soluções de segurança.
Acesso dificultado
Há 20 anos Beatriz Grad é síndica orgânica de um condomínio no Itaim Bibi, erguido na década de 1970. Com uma torre e apenas 25 unidades, o condomínio conta com equipe própria, bem treinada. “Sempre temos palestras sobre segurança para todos os funcionários, e a nossa frase interna é: ‘No caso de dúvida nunca deixe entrar’. Antes de receber visitas ou encomendas, os moradores avisam a portaria, o que também ajuda muito em termos de segurança”, diz Beatriz.
A síndica Beatriz Grad aposta em palestras aos funcionários, barreiras físicas e uso de tecnologia para proteger condomínio do Itaim Bibi da ação de criminosos.
A gestora aponta que é fundamental que condôminos sigam regras de convivência, dentre as quais colaborar para resguardar o condomínio. A comunicação desempenha um papel crucial nesse quesito. Uma das normas no edifício é que datas de início de reforma ou de mudanças sejam avisadas com cinco dias de antecedência, bem como nome e documentação da mão de obra envolvida na tarefa. Inclusive, esses funcionários só adentrarão o condomínio se estiverem uniformizados.
Sobre as barreiras físicas e tecnológicas da edificação, a síndica entrega algumas, como a existência de mais de 27 câmeras de alta resolução, com visão noturna e sensíveis a movimentos, além de cerca elétrica em todo o perímetro. “Mas algo simples e que funciona muito bem é a gaiola de pedestres, além de um espaço de passagem de encomendas”, acrescenta Beatriz.
Na opinião da síndica, é preciso atentar para mudanças que ocorrem no entorno do edifício, a exemplo da construção ou abandono de um prédio, e se isso traz algum risco, o que implicaria na adoção de medidas adicionais e estratégicas de proteção. “Houve uma ocasião em que um prédio atrás do nosso ficou desocupado e foi invadido algumas vezes. Para prevenir uma passagem para nosso condomínio, aumentamos o número de câmeras de monitoramento e projetamos uma cerca elétrica inclinada que pudesse impedir a entrada de qualquer pessoa”, relata.
“Por exigências legais, um condomínio tem que ter seguro contra incêndio ou destruição, porém, ao contratar o serviço é interessante que o síndico procurar saber se existem outras coberturas que garantam uma segurança ainda mais completa ao patrimônio sob seus cuidados.”
(Chen Gilad, CEO e especialista em segurança, Grupo Haganá)
Beatriz reconhece que ter uma empresa parceira é de extrema valia na detecção de vulnerabilidades. “Nossa empresa de segurança nos ajuda nessa questão, fazemos sempre análise e revisão conforme as mudanças no bairro, índices de assaltos nas redondezas etc. Recomendo aos colegas síndicos que contratem uma boa empresa, que os ajudem a analisar as falhas e os orientem sobre o que implementar, mesmo que o processo seja feito por etapas, como acontece em nosso condomínio, com mais de 50 anos, o que traz algumas limitações, então apesar das reformas, temos de trabalhar com mais paciência para adequá-lo às novas tecnologias”, fala a gestora.
“Com o advento da portaria remota, a segurança condominial evoluiu significativamente, integrando tecnologia avançada, monitoramento 24/7 e sistemas inteligentes. Hoje, proteção vai além de câmeras, oferecendo soluções proativas e personalizadas.”
(Bruno Appolonio, diretor de inovações e tecnologia, Grupo ForceOne)
Ainda assim, a modernidade tecnológica marca presença e a mais recente aquisição do condomínio é um totem externo de vigilância, com três câmeras. “Esse equipamento nos passa segurança, tem uma luz de cor forte, o que intimida tentativas de assalto. Ele funciona com muita rapidez; o sistema de rastreamento também é excelente, pois muitos prédios na região aderiram a essa tecnologia. Basta você acessar um QR code e consegue as imagens do momento da ocorrência”, avalia a síndica Beatriz.
“A integração de equipamentos tecnológicos em condomínios é uma tendência que promove segurança, eficiência e qualidade de vida, sendo um diferencial importante no mercado imobiliário atual.”
(Rodrigo Barreto Castagna, gerente, Premium Service)
Matéria publicada na edição-304-set-24 da Revista Direcional Condomínios
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Jornalista apaixonada desde sempre por revistas, por gente, pelas boas histórias, e, nos últimos anos, seduzida pelo instigante universo condominial.